"Como dois e dois são quatro/Sei que a vida vale a pena/Embora o pão seja caro/E a liberdade pequena" (Ferreira Gullar)
Landro Oviedo
"Somente buscando palavras é que se encontram pensamentos" (Joseph Joubert)
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O TRIPÉ DO BOLSONARISMO

     A extrema-direita no mundo hoje em dia flerta com o fascismo não porque seja a última instância dos capitalistas para conter as reivindicações dos despossuídos e dos proletários, mas porque representa uma casta que, mesmo em uma democracia formal, quer assegurar o controle do Estado por meio de sua desfiguração. Ela tem uma exigência real de democracia para ingressar no aparelho estatal e, por dentro, como um câncer em metástase, corroê-la por dentro, usando suas virtudes para derrotá-la e colocá-la a serviço de seus interesses escusos.

     No Brasil, essa variante é representada, com maior evidência, pelo bolsonarismo. Para se fortalecer, ele vai ingressando nas instituições, valendo-se de facilidades para ir pavimentando um caminho sem volta para os valores democráticos e garantias individuais e coletivas. Criticando os defeitos da nossa frágil democracia, vão anulando as conquistas em nome de algo ainda pior e mais ditatorial. Algo semelhante ao que fez Martinho Lutero, que, em resposta aos desmandos da igreja católica, criou uma religião ainda mais intolerante, dando origem às igrejas evangélicas, que impõem uma prisão de costumes para vigiar de perto seus fiéis, culatreados por líderes autoritários.

     O bolsonarismo no país tem seu tripé em três variantes que lhe são fundamentais. Uma central do ódio e da desinformação, que precisa desqualificar a imprensa instituída; uma família que atua em diversos ramos de uma criminalidade que vai desde o varejo (diárias, rachadinhas) até o atacado (mansões, lavagem de dinheiro); e em estruturas religiosas que lhe permitem ter uma horda raivosa (para outrem) ou dócil (para si) a ser convenientemente mobilizada segundo um cronograma de Jair Bolsonaro e do seu entorno.

     Quando Bolsonaro pede por mais democracia, ele apenas está querendo pegar a sua carteira, caro leitor, para pagar seus próprios boletos. Seu sonho é um regime que lhe dê a liberdade de saquear os cofres públicos em nome da moralidade. A massa ignara que libertou Barrabás continua a gerar seus mitos orgulhosa de sua sujeição ao apedrejamento no curto prazo e ao afago nas calendas gregas.

Landro Oviedo
Enviado por Landro Oviedo em 07/03/2024
Alterado em 07/03/2024
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