"Como dois e dois são quatro/Sei que a vida vale a pena/Embora o pão seja caro/E a liberdade pequena" (Ferreira Gullar)
Landro Oviedo
"Somente buscando palavras é que se encontram pensamentos" (Joseph Joubert)
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Textos
(UM CHIBO QUE DEU EM MORTE
Noite medonha de maio
Que aconteceu este fato
Para fazer o relato
Me juntei com o João Sampaio
Amadrinhando este ensaio
O Jorge Guedes, que afina
Para cantar essa sina
De um chibo que deu em morte
Co'o Xisto costeando a sorte
Entre Brasil e Argentina.)

A ÚLTIMA TRAVESSIA DE XISTO MOTTA

Madrugada, vinha o Xisto 
Cruzando o Uruguai solito
Quando do fundo da noite 
Ouviu rumores  e um grito

No caíque “bien cargado”
“Gajeta”, azeite, farinha
Tudo o que a Dona Tiloca
Lhe disse que já não tinha

O Xisto sentiu o perigo
Nessa hora de cruzar
A morte rondando perto
Com os patrulheiros de Alvear

Antigas rivalidades
Se acenderam no momento
E o Xisto era o Rio Grande
Voltando ao acampamento

(Um taura chibeando penas
Nas horas mortas da vida
Tem a alma dos costeiros
Que se gastaram na lida)

Três correntinos matreiros
Deram ordem de parar
E da lancha da Marinha
Tiros se ouviram no ar

O Xisto arrancou dum “trinta”
Um tiro, um corpo que cai
E o sangue de um castelhano
Tingiu de rubro o Uruguai

O Xisto se largou n'água
Gato do mato em destreza
E entregou a alma e o destino
Aos deuses da correnteza

Nunca mais voltou o Xisto 
Ao ofício que o prendia 
Foi o último chibeiro
Na última travessia.
Landro Oviedo e João Sampaio; musicada por Jorge Guedes.
Enviado por Landro Oviedo em 17/02/2015
Alterado em 17/02/2015
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