"Como dois e dois são quatro/Sei que a vida vale a pena/Embora o pão seja caro/E a liberdade pequena" (Ferreira Gullar)
Landro Oviedo
"Somente buscando palavras é que se encontram pensamentos" (Joseph Joubert)
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Meu Diário
20/10/2018 12h08
A DESPEDIDA DO DINARTE VALENTINI

     Nesta segunda-feira, dia 22 de outubro, a noite de Porto Alegre fica mais vazia e o Direito mais pleno. O meu amigo e garçom Dinarte Valentini está se despedindo do seu ofício no Bar do Beto (Venâncio Aires, 876), Porto Alegre-RS) para se dedicar inteiramente à área jurídica. Para marcar esse rito de passagem, vai reunir seus amigos no bar a fim de se congratular com eles mutuamente.
     Eu conheço o Dinarte desde os anos 80. Sua gentileza e amizade com os clientes não é meramente profissional, é intrínseca. Divide com eles angústias existenciais, ouve sobre amores vindos e perdidos, vibra com as conquistas de cada um, incentiva, exorta, somatiza, multiplica-se. Não obstante em muitas noites estar sob o peso dos nós górdios do cotidiano, seu sorriso está sempre disponível para todas as mesas, para todos os que o demandam, naquele simplicidade que é tão dinartiana.
     Conheci o Dinarte quando cursava Letras, ainda nos anos 80, e especialização em História do RS. Depois, nossos cursos de Direito coincidiram. Lembro-me de que ele sempre foi ávido por conhecimento. Na sua humildade, sempre estava disposto a aprender conosco conteúdos das nossas áreas. Na universidade da noite, aprendíamos todos um pouco de tudo. A paixão do Dinarte por literatura surgiu intensa, tendo como um dos nortes o escritor Sérgio Jacaré, nosso parceiro inesquecível (ele declama muito bem e de memória vários autores gaúchos). A opção pelo Direito, que cursou de forma exemplar, veio ao natural, na esteira de uma cultura já sedimentada. Em várias noites, ao final do curso, discutimos seu TCC, bem como depois os conteúdos para a prova da OAB, algumas vezes em sua casa, degustando um vinho de sua adega. 
     Foram muitos os momentos que vivenciamos juntos. Para celebrar a vida, para brindar amores, para falar de projetos futuros, para semear sonhos, para recolher histórias e amenizar mágoas. Lembro-me da emoção do Dinarte uma vez que levei ao Bar do Beto, para ser atendido por ele, o Antônio Augusto Ferreira, o Tocaio, e sua esposa Letícia Ferreira, ele autor de “Veterano”, em parceria com Ewerton Ferreira, vencedora da X Califórnia da Canção de Uruguaiana, e autor de outras obras-primas do cancioneiro gaúcho. A memória atualiza tantas coisas magníficas...
     Mas o Dinarte não seria o mesmo se fosse só o Dinarte, embora já fosse muito. Ele tem uma família que lhe serve de base e de propulsão. Sua esposa Cláudia e suas filhas são sua razão maior de viver. Esse clã familiar foi forjado à base de amor e de cumplicidade, com valores éticos que lhe dão a integridade para enfrentar os desafios do dia a dia. 
     Quem vem do Interior, como nós, tem pressa. Tem pressa de viver, tem pressa de sobreviver. O Dinarte veio de Doutor Ricardo e conseguiu abrir seu espaço na cidade grande, adversa aos que não sabem cortejá-la. No seu trabalho de garçom, foi um maestro, extrapolando o papel que lhe havia sido reservado se ele não tivesse tido a coragem de realizar suas escolhas. Muito mais que seus ganhos laborais, ao final da faina diária, ele colecionava vivências. Agora, elas vão subsidiá-lo em seu exclusivo ofício de operador do direito. Afinal, atrás de cada processo existe um drama humano em muito semelhante aos que ele pôde sentir animicamente nas noites em que fez parte da vida de muita gente, da qual granjeou o afeto e o reconhecimento. Boa sorte, amigo Dinarte, na nova empreitada. Vamos brindar.

 

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Publicado por Landro Oviedo
em 20/10/2018 às 12h08
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