Nesta sexta-feira, 2.10.15, um dos destaques da capa do Correio do Povo é o escritor Dilan Camargo, que foi escolhido como patrono da Feira do Livro de 2015. É merecido, é meritório, é justo e outros muitos adjetivos mais nesse sentido. Dilan Camargo é um grande escritor, poeta, ativista cultural, professor de direito constitucional, apresentador de TV, entre outras atividades. E por que digo que chegamos lá? Porque um itaquiense ocupa um lugar de destaque na capa do Correio do Povo durante as comemorações de 120 anos do jornal. Isso é motivo de orgulho para todos nós que nascemos nesta benquista cidade de Itaqui, às margens do rio Uruguai, cheia de história e de afeto, vertente dos nossos sonhos, das nossas bandeiras e das nossas saudades. E também chegamos lá porque o Dilan nos representa, é um homem das letras e da cultura. Além de tudo, é um conterrâneo que nunca esquece suas raízes. Quem ama de onde veio sabe para aonde vai. Segue em frente, Dilan Camargo, estamos contigo.
Tenho lido muitos sonetos ao longo da minha vida e, de alguns, algumas frases esparsas nos grudam como carimbos poéticos. Quem não se lembra de vez em quando de “Amor é fogo que arde sem se ver”, de “De repente, do riso fez-se o pranto” ou de “Ó, tu, que vens de longe, ó, tu, que vens cansada”? São verdadeiras ourivesarias dos versos, imagens sonoras antológicas que nos remetem a uma dimensão lírica sempre antiga e, ao mesmo tempo, sempre ressignificada.
Pois bem, o soneto que vou mostrar a vocês é da lavra do poeta passo-fundense Ubiratan Porto, recentemente falecido, que também já morou e atuou em Porto Alegre como advogado e ativista cultural e em Capão da Canoa. Está no livro “O voo do visor”, de 1981. Para mim, é um dos mais lindos sonetos já escritos na língua portuguesa. Qualquer coincidência com os grandes vates da última flor do Lácio não é mera coincidência. Mas também não é mera semelhança.
SONETO DE DESAMOR
Não falar de amor... nem por amor buscar
Que amar não é o fim, mas o meio e traga
A ilusão e a inocência, qual a vaga
De um coração por tenebroso mar.
Não lembrar de amor... embora em dor a paga
Seja o sonho irreal da solidão e no olhar
Outros olhares seu alento façam orar:
Que por um seio amigo nunca um ser naufraga.
Não lamentar... apenas salmo de tristeza
Reter na alma o acalanto da ternura e mudo
Velho anseio no amanhã por uma nova amada;
Simplesmente passar... e por amor, sem surpresa
Ver que ele já pousou na vida (quem sabe o tudo)
Ou nunca existiu... para morrer (talvez de nada!)
Os governantes brasileiros parecem viver num mundo particular, no qual imperam suas próprias leis de vida abastada, gastando o dinheiro do contribuinte de forma acintosa. A coluna de Clésio Boeira, a seguir, trata de dois casos que mostram a essência dessa elite. Dilma (PT) voa lá, Sartori (PMDB) voa aqui. O céu é de brigadeiro para eles, o cotidiano é de privações para a maioria do povo brasileiro.
Dilma usa helicóptero para se locomover em Brasília
Enquanto o governo do Chile congela os salários da presidente Michelle Bachelet, ministros, deputados, senadores e líderes regionais (teriam reajuste de 4,5% em dezembro) e políticos da Suíça e da Suécia se utilizam de trens, diariamente, além de aviões de carreira para viagens longas, a presidente Dilma Rousseff usa helicóptero para se locomover em Brasília.
Sem dar exemplo pessoal de austeridade, diante da crise que já tirou o emprego de 1 milhão de pessoas e levou milhares de empresas à falência, Dilma exige um helicóptero – aquele mesmo que solta labaredas – para ir do Palácio da Alvorada (onde mora com todas as despesas pagas) até a Base Aérea de Brasília, distante 13 quilômetros em linha reta.
De acordo com a coluna Expresso, do jornalista Murilo Ramos, na revista Época, o custo/hora do deslocamento dessa natureza é mais caro, de 12 mil reais, porque a pequena distância não oferece tempo suficiente para a aeronave ganhar altitude e desativar os trens de pouso.
Caso se programasse melhor, Dilma poderia optar por carro, com direito à escolta. A economia de dinheiro público seria bem-vinda em tempos de cortes. Nas pesquisas de popularidade, Dilma voa baixo, mas, nas “viagens”, está por cima.
Helicóptero de Sartori
Em fevereiro, o governador José Ivo Sartori foi criticado por pregar união para enfrentar a crise financeira gaúcha, na abertura da colheita do arroz, em Tapes, e, em seguida, voar de helicóptero para um compromisso político em Capão da Canoa, depois de ter utilizado a aeronave para ir de Porto Alegre a Tapes.
A conexão Porto Alegre-Tapes-Capão da Canoa, feita uma única vez, ao custo de 13 mil reais para os cofres do Estado, escandalizou alguns jornalistas. O uso contumaz pela presidente do Brasil, país em crise também, para andar 13 quilômetros em Brasília não sensibiliza os mesmos profissionais. A notícia não mereceu sequer uma linha aqui na província. (Clésio Boeira, jornal O Sul, 28.9.2015)
"Governos falidos não investirão em estradas. Se é para a segurança, que voltem os pedágios", escreve a colunista Rosane de Oliveira (ZH, 25.9.2015). Mas que parcialidade! (Ou seria "Mas que barbaridade!?"). Ora, por que o povo, que está falido, tem que pagar duas vezes por algo que ele já paga com altos tributos? E quantos quilômetros podem ser restaurados por ano com a verba da pensão para ex-governador? E com os salários dos CCs? E com a remuneração dos nomeados sem concursos para o cargo vitalício de conselheiro do Tribunal de Contas? E com as diárias dos deputados estaduais, tanto da base do governo como da oposição? Um pouco de moralidade faz bem à saúde, ao jornalismo e às estradas.
Programa produzido e apresentado por Landro Oviedo. Ênfase na obra de autores, escritores, poetas, músicos, compositores e cantores do RS sem deixar de considerar a arte brasileira e latino-americana. Boa oitiva a todos.
Destaques do programa: Capitão Furtado, Téo Azevedo, Ramiro Barcellos, Martín Coplas, Prof. Massaretti, Valdir Garcia, Leyde e Laura, Malando e sua orquestra, Marianito Mores, Ivo Pelay, Francisco Canaro, Assis Angelo, Biro Biro e Claudinho.
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